terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Haiku de fotografias

 Em resposta ao desafio de escrever haikus baseados em fotografias apresentam-se vários haiku, um por cada participante.

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Na rua vazia

os passarinhos e as árvores nuas

à porta de casa

 

Álvaro Mendonça

 

a árvore

a casa

o céu azul

 

António José Ventura

 

A sombra chega

dos altos edifícios que tapam o sol

mas que refrescam o chão

 

Ana Faria

 

janela fechada

solidão presa na sombra

acácia floresce

 

José Júlio Sardinheiro

 

A pequena árvore

A grande árvore protectora

Acto de contrição

 

Ana Oliveira

 

Uma janela

Primavera lá fora

Inverno dentro

 

Luís Campeão

 

o cão canta e voa

e a tua voz

é apenas uma asa

 

Rogério Cão

 

porque pode

o cão lambe os tomates

eu não

 

Hugo de Oliveira

 


domingo, 26 de fevereiro de 2023

O QUE FAZER?

 Sei porque escrevo, porque publico é que estou menos seguro, mas continuo a fazê-lo. Com três textos diferentes crio um único texto, o que me faz pensar se não escrevo sempre um único texto.

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Fazer.

Errar.

Aprender.

Seguir em frente.

Fazer de novo.

Errar de novo.

Seguir em frente.

O que posso fazer?

pergunto ainda mais uma vez

Não há nada a fazer!

Tudo o que acontece

Tem mesmo de acontecer

Por mero acaso

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Desafio Haiku

Vou tomar a liberdade de reproduzir aqui um desafio que lancei no Facebook e deixar também algumas respostas.

O haicai ou haiku moderno é uma composição poética breve, de origem japonesa, que pode ser comparada a uma fotografia instantânea, com três versos, com 5,7,5 sílabas. Mas não compliquem, respeitem a brevidade, tomem em conta o padrão ou não e escrevam um haiku e enviem e juntem uma foto ilustrativa.

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A palmeira encosta-se

ao prédio. Cansada ou

apenas curiosa?


Luís Ene

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Saco de plástico

Preso em urzes secas

Natal!

Sara Monteiro

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A tarde fica

mais suave, a planta

adormece.


Pedro Jubilot

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se tudo arde

o que posso eu fazer?

deitar medronho


Hugo de Oliveira / Cobramor
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preciso lembrar
são sete sílabas métricas
a florir ao sol


José Júlio Sardinheiro

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o povo ladra
aos crimes que passam
os crimes disfarçam

Dário Agostinho

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Quem ouve a canção
de árvores que chilreiam?
O sol de Inverno.


Val Ter


sábado, 11 de fevereiro de 2023

Espúrio 2

 O texto do Paulo lembrou-me um outro que escrevi não há muito tempo, nos idos de 2022:


Sou. Estou. Sou a estar.

Estou a ser. Sou. Sou a ser.

Estou. Estou a estar.

Ser. Estar a ser. Estar.

Estou. Sou. Sou ser. Ser sou.

Estou a ser sou. Sou ser a estar.

Balbucio. Murmuro. Sou som sem sentido.

Estou. Estou a ser. Sempre serei.

Calado ou dizendo-me.

Fazendo ou não fazendo. Sou.

Estou a fazer. Não estou a fazer. Sou.

Sou. Sou. Sou. Sou. Sou. Sou.

Espúria / Abr.XX23 / Faro

Espúria / Abr.XX23 Faro


Dia 29/04/23 a partir das 17:00

GAMA RAMA – Rua do Prior 13 Faro

Autores: Ana Simon, Cláudia Tomé Silva, Dário Agostinho, Luís Ene, Marco

Mackaaij, Paulo Moreira, Pedro Jubilot, Rogério Cão, Sara Martins, Sara Monteiro,

Tiago Marcos, Vítor Gil Cardeira

Música ao vivo: Tércio Nanouk


*


Um grupo de amigos e escritores continua a apresentar em papel e em voz alta, com

música, o que se anda a escrever no Algarve e a dizer das suas razões a quem quiser

ouvi-los.


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 Espúria é um evento (música + leituras + conversas + publicação) plural e replicável,

que aconteceu pela primeira vez no dia 20 de Janeiro na Casa Álvaro de Campos em

Tavira.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Espúrio

 Espúrio, não podia deixar de ser, aqui deixo um excerto encontrado numa pilha de "para rever":


a bota dá bota

aborta

(é estúpido que nem uma porta!)

colhão

com a mão

                   e o pé

ao pé da bota

o pé da bota

a bota do pé


a pota do pé

e um pontapé

com a bota no colhão


colhão de fazer

faz-se uma bota


bota de facho

o tacho

o tacho de facho

do facho por este rio acima

bota acima

bota abaixo


(...)


Monta na bota

monta na bunda

montanelas

fontanelas

fontaínhas

taínhas coentros e rabanetes

raba nestes