terça-feira, 30 de maio de 2023

LITERATURA - Exercício 1 000 675 B

Comando: escrever um breve texto poético que apresente a natureza humana como contraditória e paradoxal

 

A NATUREZA HUMANA

 

Pesa-me o corpo. Pesa-me a mente.

Ergo-me e voo em direção ao fundo numa viagem ao centro de mim, ao mais fundo de mim onde os extremos se tocam e tudo está de pernas para o ar.

Sou um reflexo de um reflexo, um reflexo dúbio que se procura entre a luz e a escuridão,

ébrio de palavras e pleno de silêncios.

Estou tão dobrado sobre mim mesmo que já nada sou a não ser este peso indistinto que me arrasta para o fundo ao mesmo tempo que me ergue para o alto.

Esvazio-me de palavras e voo entre o tudo e o nada, em direção ao inalcançável.

 

Luís Ene


 

sexta-feira, 26 de maio de 2023

O que é Espúria?

Espúria é um evento criado por um grupo de amigos e escritores preocupados com o estado da literatura.

Espúria é um coletivo de escritores que congrega outros escritores que resistem ao abandono em que a literatura se encontra, sobretudo no Algarve.

Espúria é também um pequeno livro, escrito para o efeito para cada local em que acontece o evento e agrupando escritores desses locais

Somos escritores algarvios, nascidos e/ou residentes no Algarve e por isso Espúria já aconteceu em Tavira, em Faro, agora em Olhão, e irá ainda continuar a percorrer o Algarve.

Os escritores escrevem, é o que fazem, é o que querem continuar a fazer, mas também querem comunicar, aproximar-se dos leitores sem os quais a literatura não se completa. Por isso foi criado e desenvolvido o evento Espúria, por amor à literatura, por paixão, a mesma paixão grega de que falava Herberto Helder.

 Espúria é assim um ato de amor e de resistência. Queremos fazer a nossa parte, esta é a nossa contribuição.

O tema desta Espúria é o Fim da Literatura, tantas vezes anunciado e tantas vezes adiado. Estamos preocupados, já o dissemos, e queremos dar a nossa contribuição para alterar o estado em que a Literatura se encontra, sobretudo no Algarve, onde vivemos, porque acreditamos que a sobrevivência e a saúde da Literatura são, não só importantes, mas fundamentais.

Espúria é então tudo isto e são também vocês, os que queiram estar connosco. Precisamos de vocês, a literatura é feita por autores e leitores.





terça-feira, 9 de maio de 2023

Espúria / maio.XX.23 Olhão

 Dia 28/05/23 a partir das 18:30

 Evento integrado na FLO - Feira do Livro de Olhão, 2023

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Autores/Leitores: Ana P de Madureira, António José Ventura, Cláudia Sofia Sousa, Cláudia Tomé Silva, Dário Agostinho, Fernando Cabrita, Luís Ene, Marco Mackaaij, Paulo Moreira, Pedro Jubilot, Rogério Cão, Sara Monteiro, Vítor Gil Cardeira

Música ao vivo: João Salero - Saxofone

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Um grupo de amigos e escritores continua a apresentar em papel e em voz alta, com música, o que se anda a escrever no Algarve e a dizer das suas razões a quem quiser ouvi-los.

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 Espúria é um evento (música + leituras + conversas + publicação) plural e replicável, que aconteceu pela primeira vez no dia 20 de Janeiro na Casa Álvaro de Campos em Tavira.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

A LITERATURA NO ALGARVE - nota avulsa

 

A CAPELA DOS OSSOS

A primeira vez que estive na Capela dos Ossos numa visita de estudo, alguém explicou como aquela capela era superior à de Évora, com o mesmo nome, porque na capela de Faro os ossos se encontravam amalgamados nas próprias paredes enquanto na outra tinham sido apenas colados. Lembro-me muito bem de ter pensado que raio de importância teria isso, mas anos mais tarde, na Capela dos Ossos em Évora, surpreendi todos os presentes, afirmando em voz alta a superioridade da Capela dos Ossos de Faro. 

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Este texto faz parte do meu livro Saudade de água: memórias de Faro, publicado em 2010 sob a etiqueta Cão Danado, e está agora incluído na brochura de Faro da Rota Literária do Algarve.

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Não sei se existe uma versão em papel da brochura e não sei se o itinerário literário de Faro está a ser desenvolvido por alguém.

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O próprio livro apresenta um itinerário de Faro e tenho pena que não esteja por aí à disposição do leitor, pois é um livro de que gosto muito e talvez o único dos meus livros que reflete inequivocamente a minha condição de farense.

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Como diz o poeta e editor Pedro Jubilot, também ele algarvio, sobre a situação da literatura no Algarve:

 Às vezes quero pensar nisso, mas acabo por não me deter muito tempo aí. Passo mais tempo a desfrutar do presente, do que ele nos pode ou consegue dar. Editoras há poucas, livrarias quase nenhumas, os autores rumam a diferentes paragens por diversas razões. É preciso não esquecer as características muito específicas da região em termos geográficos, socioeconómicos, culturais, desde sempre.

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